Convido vocês a voltarem 229 anos em nossa história. O Brasil ainda era a mais importante colônia de Portugal. Naquela época, pasmem, a população local sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos, por parte da metrópole. Ademais, não bastasse, a coroa portuguesa ainda criou uma série de leis, que travavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. Nessa ocasião, surgiu um movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais, conhecido como Inconfidência Mineira. Seu objetivo, ou melhor dizer “sonho”, era libertar o Brasil do domínio português. Quando retrato esta época, gosto de citar Luís XIV, ele tinha por lema: “Quero que o clero reze, que o nobre morra pela pátria e que o povo pague.” Um mantra, replicado pela maioria das monarquias europeias, como uma mensagem de fake news no whatsapp, hoje! Nos Estados Unidos, acabara de acontecer a independência. Uma das principais causas da Guerra de Independência lá, foram os pesadíssimos impostos que a Inglaterra cobrava. Em 1789 a coroa portuguesa cobrava pagamento da quinta parte de todo o ouro extraído no Brasil, o chamado quinto do ouro. O problema é que, de acordo com as médias planejadas pela coroa, se não fossem atingidos esses 20%, confiscavam-se bens e objetos dos garimpos, em um ato de cobrança chamado “Derrama”. Com a queda na produção do ouro, essa prática tornou-se cada vez mais violenta e insustentável. Alguma semelhança com os dias de hoje? Atualmente, estima-se que a carga tributária brasileira está no patamar de 32% do PIB. Como eram bons os tempos da derrama de 20%!. Nas palavras do Prof. José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre-FGV: “O Brasil é uma referência de carga tributária muito alta entre os emergentes, mas muito mal distribuída”. Esses 32% geram uma enorme arrecadação, porém o governo gasta muito mal e perde muitos destes recursos nos nós e gargalos, tanto da corrupção quanto do emaranhado de impostos. É muito mais fácil cobrar as pessoas jurídicas, que são poucas, do que as pessoas físicas. Nos países desenvolvidos ninguém gosta e pagar impostos também, entretanto o cidadão norueguês, por exemplo, paga seus impostos para que o país lhe retribua em serviços! Nada de mais. Aqui o governo pratica uma “derrama” “velada”, e a população sente-se estorquida por aquele que deveria cuidar de todos e para todos.
Até quando?